A cerimônia do Oscar 2025 entrou para a história como um dos anos mais marcantes para o cinema independente. Entre os grandes vencedores da noite, filmes como Anora, Flow e Sem Chão mostraram que produções fora do circuito tradicional dos grandes estúdios continuam relevantes e inovadoras.
Destaques independentes
O maior destaque foi Anora, de Sean Baker, que conquistou quatro estatuetas, um recorde para um único filme dirigido pelo mesmo cineasta. Baker, que há mais de duas décadas se dedica ao cinema independente, reafirmou seu compromisso com produções autorais e críticas ao sistema dos grandes estúdios. Em seu discurso no Independent Spirit Awards, dias antes da cerimônia do Oscar, ele destacou a importância da liberdade criativa e do direito de escalar atores pelo talento, e não pelo número de seguidores nas redes sociais.
Outro grande nome da noite foi O Brutalista, épico histórico de Brady Corbet, produzido com um orçamento modesto de US$ 10 milhões. O filme venceu três prêmios, incluindo Melhor Ator para Adrien Brody, além de Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.
O documentário Sem Chão também fez história ao vencer na categoria de Melhor Documentário, mesmo sem ter distribuição nos Estados Unidos. Em um dos momentos mais impactantes da noite, o co-diretor Yuval Abraham ressaltou a importância do filme, feito em colaboração entre palestinos e israelenses, reforçando a necessidade de diálogo e empatia entre os povos.

Já na animação, Flow, de Gints Zilbalodis, tornou-se o primeiro filme independente a vencer na categoria de Melhor Animação. Produzido com um orçamento de apenas 3,5 milhões de euros e feito por uma pequena equipe de recém-formados, o filme é um exemplo de criatividade e eficiência na produção cinematográfica.
Assim, é claro, ainda há Ainda Estou Aqui, filme com um orçamento de cerca de US$ 6 milhões e que desbancou o favorito do início da campanha, Emilia Pérez, da Netflix, na categoria de Filme Internacional.
A onda independente
Os números da premiação mostram um ano de grande força para o cinema independente. A distribuidora Neon liderou com cinco prêmios, todos por Anora, enquanto estúdios tradicionais como Universal e Warner Bros. levaram apenas dois prêmios cada. Além disso, produtoras independentes como MUBI e Sideshow/Janus Films também saíram vitoriosas, com A Substância e Flow garantindo suas estatuetas.
Para quem se preocupa com o futuro do cinema, a premiação de 2025 mostrou que a originalidade e a inovação continuam vivas. O Oscar pode não ser o objetivo final para muitos desses cineastas, mas o reconhecimento reforça a relevância do cinema independente e a necessidade de apoio contínuo para essas produções.

Nos bastidores da cerimônia, em fala destacada pela IndieWire, Sean Baker resumiu o sentimento da noite. “Este ano tivemos uma seleção incrível de filmes… Estar nessa conversa ao lado de outras produções independentes maravilhosas significa tudo para nós. Conseguir dividir espaço com um filme como Wicked mostra que estamos no caminho certo.”