Until Dawn: Noite de Terror é um filme de terror que tinha tudo para dar errado. Estreia nos cinemas desta quinta-feira, 24, este longa de David S. Sandberg (Quando as Luzes se Apagam) é inspirado em um videogame homônimo que já conta com uma narrativa bem estruturada. Como fazer algo original? Como criar uma história coesa que funcione em uma outra mídia unindo fãs e novatos nesse mundo?
Surpreendentemente, os roteiristas Blair Butler (Convite Maldito) e Gary Dauberman (A Freira) se saem bem ao contar a história de um grupo de amigos que vão parar em uma casa abandonada, no meio do nada. Ali, eles irão viver a mesma noite repetidamente, como se fosse um Feitiço do Tempo maligno, em que irão ter que se virar para sobreviver a diferentes ameaças — desde bruxas até assassinos em série.
‘Until Dawn’, mistura de horrores
É algo que funciona por sua estrutura que não se contenta em ser uma coisa só. Nessa roleta de ameaças, Until Dawn acaba se tornando um filme que não usa apenas um artifício de susto para dar medo. Funciona para quem não gosta de palhaços, bruxas, filmes de invasão domiciliar, body horror. É uma curiosa salada que seria fatal em um filme com qualquer outra premissa, mas que aqui funciona muito bem.

Afinal, a graça é repetir a estrutura narrativa sem soar mais do mesmo. Mudar o subgênero do terror é a saída ideal para alternar sustos, histórias, ameaças, continuidades. Assim, expectativas são quebradas e o filme surpreende não apenas personagens, mas espectadores.
Claro que existem problemas aqui e ali. Por exemplo: o elenco, todo de novatos, se sai bem no horror, mas não consegue bons resultados nos momentos dramáticos do filme. São esses, aliás, os momentos mais fracos da produção. Sandberg se sai bem quando ri da tosquice de tudo o que está acontecendo (a cena das explosões é exemplo disso), mas perde ritmo quando tenta emplacar algum tipo de drama ali no meio.
Há, também, excesso de explicações ali no final causado por um ritmo exageradamente acelerado. Não precisava. Afinal, é escolha de roteiro deixar as explicações todas concentradas nos últimos 20 minutos, expondo demais a lógica por trás da história. Enfraquece o todo.
Mas tudo bem. Until Dawn é uma agradável surpresa do cinema de terror. Mistura de Escape Room, Feitiço do Tempo, A Morte te Dá Parabéns e afins, o longa-metragem sabe quebrar expectativas enquanto dá bons sustos — chegando a dar frio na espinha. Bom divertimento para um período de tão poucas ideias no cinema hollywoodiano.