Sempre que a Disney lança um remake de animações clássicas do estúdio, em live-action, surge a questão: e daí? O que justifica o esforço, o preço do ingresso, a ida ao cinema? A maioria não traz nada de novo. É o caso de filmes como A Bela e a Fera, Dumbo e, claro, a bomba Branca de Neve. Mas e Lilo & Stitch, estreia desta quinta, 22, nos cinemas?
O longa, vale dizer, não foi pensado para a tela grande. O filme surgiu naquele curto momento de empolgação da Disney com seu serviço de streaming. Foi quando anunciou uma série sobre a Moana (que acabou virando o longa-metragem), por exemplo. Na época, a casa do Mickey Mouse também anunciou um remake de Lilo & Stitch que iria direto para o streaming. Voltaram atrás no meio do caminho e decidiram lançar nos cinemas.
Lilo & Stitch: sem novidades
Isso é bastante visível ao longo da projeção. Pra começo de conversa, é preciso pensar como quase todos os outros remakes em live-action da Disney contam com ingredientes grandiosos na equação. São os efeitos especiais marcantes de Mogli: O Menino Lobo, a mudança de foco de Malévola e Cruella, o olhar artístico de Tim Burton em Alice no País das Maravilhas ou, até mesmo, os números musicais interessantes de A Pequena Sereia.
O fato é que Lilo & Stitch, nascido como projeto de tevê, não tem grandes atrativos. Por mais que o diretor Dean Fleischer Camp tenha tido um bom primeiro filme com Marcel, a Concha de Sapatos, não é um cineasta ainda de grandes ideias e de uma visão autoral.
Lilo & Stitch é, assim, um copia e cola, uma tradução quase que literal da animação para a versão tecnológica que chega agora às telas. Pouca coisa de diferente surge nesta nova leitura. Algumas diferenças surgem da necessidade de economizar, pensando que era um filme pro streaming, como a incorporação de Gantu na personalidade do alien Jumba. Ou, ainda, a escolha de usar o próprio Jumba e Pleakley como humanos, não como aliens.
São pequenas diferenças que surgem não por decisões criativas, mas para economizar. As diferenças narrativas de verdade (como toda a questão do Stitch com a água) não mudam nada e não justificam o remake. Fica a sensação da mesma história contada duas vezes.
Um pouco de conforto
A única coisa que causa um ar de conforto, e pode fazer com que parte do público saia da sessão com um sorriso no rosto, é o tom familiar que percorre toda a trama. Enquanto a animação nos vende Stitch como esse alienígena imitando um cachorro, o remake nos dá a sensação de que ele realmente pode ser um bichinho de estimação — e o filme ganha tons de Sessão da Tarde com ET: O Extraterrestre, emocionando aqui e ali. É mais bonitinho.
Isso, por si só, justifica um remake desse? Justifica o tamanho da divulgação que estão fazendo, enfiando o Stitch em tudo que é possível? Não. O longa-metragem recai no erro de quase todos os remakes da Disney em não trazer grandes novidades e causar a sensação (senão após sair da sessão, mas com certeza alguns dias depois) de ser apenas um caça-níquel. Pelo menos o elenco é bom, com destaque para a pequena Maia Kealoha, e o visual havaiano é inegavelmente bonito. De resto, é isso: muitas dúvidas e poucas certezas, com a Disney, de novo, se tornando aquele estúdio sem ideias novas para contar.