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Cannes 2025 decepciona com apenas um filme latino-americano na competição principal

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Na última quinta-feira, 10, o Festival de Cannes finalmente revelou sua seleção oficial para a edição de 2025, enquanto as mostras paralelas também começaram a divulgar os filmes escolhidos para o evento que acontecerá na França entre os dias 13 e 24 de maio. Por um lado, há motivo para celebração com a seleção do novo filme do recifense Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto, estrelado por Wagner Moura.

No entanto, essa inclusão isolada evidencia um problema maior. Após um ano excepcional para o cinema fora do eixo Estados Unidos-Europa em festivais internacionais, com destaques como Ainda Estou Aqui, Sem Chão e produções aclamadas do Irã e da Índia, Cannes parece dar as costas ao crescente movimento global de diversidade cinematográfica.

Cena do filme 'O Agente Secreto', com Wagner Moura (Vitrine Filmes/Divulgação)
Agente Secreto, com Wagner Moura (Vitrine Filmes/Divulgação)

O monopólio ocidental em Cannes

Thierry Frémaux, diretor artístico do festival, assina uma seleção com apenas dois filmes asiáticos na competição pela Palma de Ouro (Renoir, de Chie Hayakawa, e A Simple Accident, do iraniano Jafar Panahi), um único latino-americano (o já mencionado longa de Mendonça Filho) e absolutamente nenhum africano. É quase inconcebível pensar que cinematografias potentes como as do México, Argentina, Chile e Coreia do Sul não produziram sequer um filme digno da competição principal.

A análise dos 19 títulos selecionados para a disputa pela Palma de Ouro revela um desequilíbrio gritante: 11 produções da Europa Ocidental, 4 dos Estados Unidos, 2 asiáticas e apenas 1 latino-americana. Isso em um ano em que o cinema latino vinha conquistando espaço e reconhecimento internacional sem precedentes.

Enquanto isso, nomes consagrados de Hollywood e do circuito europeu monopolizam o festival. Wes Anderson retorna com The Phoenician Scheme; Julia Ducournau, vencedora da Palma com Titane, apresenta Alpha; Oliver Hermanus traz Paul Mescal em The History of Sound; Joachim Trier se reúne com Renate Reinsve em Sentimental Value; e Richard Linklater presta homenagem à nouvelle vague francesa com Nouvelle Vague.

Mostras paralelas seguem o mesmo caminho

Essa tendência eurocêntrica se estende às mostras paralelas, como Un Certain Regard, que abriga a estreia de Scarlett Johansson na direção com Eleanor the Great e o primeiro filme dirigido pelo ator Harris Dickinson, Urchin.

Dos 16 filmes selecionados para Un Certain Regard, apenas quatro são asiáticos e um africano. Da América Latina, apenas The Mysterious Gaze of the Flamingo, do chileno Diego Céspedes, conseguiu espaço. É perturbador questionar: realmente não havia outros filmes latino-americanos à altura da seleção?

O chefão de Cannes, Thierry Fremaux (Crédito: Jean-Louis Hupe/Divulgação/Cannes)
O chefão de Cannes, Thierry Fremaux (Crédito: Jean-Louis Hupe/Divulgação/Cannes)

Até as homenagens reforçam a impressão de que Cannes se tornou uma extensão de Hollywood. Robert De Niro será o grande homenageado deste ano – seguindo George Lucas e Martin Scorsese nas edições anteriores. O diretor Todd Haynes receberá o Carrosse d’Or, prêmio de inovação atribuído pela associação francesa de realizadores (SRF).

Ao menos a atriz francesa Juliette Binoche presidirá o júri da competição principal, enquanto seu compatriota Laurent Lafitte será o anfitrião das cerimônias de abertura e encerramento.

Um novo posicionamento estratégico

O que testemunhamos é a consolidação de um novo posicionamento de Cannes no cenário cinematográfico global. Assim como o Festival de Veneza, o evento comandado por Frémaux parece determinado a pautar as discussões (e premiações) do cinema americano nos próximos meses. Há um empenho maior em ser popular e midiático do que plural e representativo.

Evidentemente, essa é uma estratégia calculada para manter o festival relevante e atrair a atenção do público mais jovem e menos cinéfilo. O espectador ocasional ainda pode se interessar por Cannes quando o festival apresenta astros de Hollywood e diretores populares.

É justo reconhecer que Cannes parece caminhar para um maior equilíbrio de gênero entre cineastas – são seis diretoras mulheres contra 14 homens nos filmes selecionados para a competição principal. Ainda insuficiente, mas indica que Frémaux finalmente presta atenção a essa questão que antes simplesmente ignorava.

O perigo da homogeneização cultural

Contudo, não podemos ignorar a melancolia diante da reduzida pluralidade de vozes. Cannes deve ser um holofote não apenas para produções comerciais visando prêmios, mas também para as narrativas que emergem da América Latina, do leste europeu, da África e dos confins da Ásia.

Ao analisar a seleção completa, incluindo as sessões especiais, de meia-noite e Cannes Premiere, percebemos que apenas 7 dos 51 filmes selecionados vêm de países não-ocidentais. Essa homogeneização do discurso é preocupante, e Frémaux, por enquanto, parece não perceber o risco – ou finge não perceber.

Em um mundo cinematográfico cada vez mais diverso e descentralizado, o Festival de Cannes 2025 parece nadar contra a maré, preferindo o conforto do familiar ao desafio da descoberta. Resta saber se essa aposta em um festival mais voltado para o mainstream ocidental será sustentável a longo prazo ou se acabará por diminuir a relevância cultural do evento que já foi o farol da inovação cinematográfica mundial.

Confira a seleção oficial de Cannes 2025

Palma de Ouro

  • A Simple Accident, de Jafar Panahi (Irã / França);
  • Sentimental Value, de Joachim Trier (Noruega, França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Reino Unido);
  • Romería, de Carla Simón (Espanha, Alemanha);
  • Sound of Falling, de Mascha Schilinski (Alemanha);
  • The Eagles of the Republic, de Tarik Saleh (Suécia, França, Dinamarca, Finlândia);
  • The Mastermind, de Kelly Reichardt (Estados Unidos);
  • Dossier 137, de Dominik Moll (França);
  • O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho (Brasil, França);
  • Fuori, de Mario Martone (Itália, França);
  • Two Prosecutors, de Sergei Loznitsa (Letônia, França, Alemanha, Holanda, Romênia);
  • Nouvelle Vague, de Richard Linklater (França);
  • Sirat, de Oliver Laxe (Espanha, França);
  • La petite dernière, de Hafsia Herzi (França, Alemanha);
  • The History of Sound, de Oliver Hermanus (Reino Unido, Estados Unidos);
  • Renoir, de Chie Hayakawa (Japão, França, Singapura, Filipinas, Indonésia);
  • Alpha, de Julia Ducournau (França, Bélgica);
  • Young Mothers, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica);
  • Eddington, de Ari Aster (Estados Unidos);
  • The Phoenician Scheme, de Wes Anderson (Estados Unidos, Alemanha).

Abertura

  • Leave One Day, de Amélie Bonin (França).
'Alpha', novo filme da cineasta por trás de 'Titane' (Crédito: NEON/Cannes/Divulgação)
Alpha, novo filme da cineasta por trás de Titane (Crédito: NEON/Cannes/Divulgação)

Un Certain Regard

  • Aisha Can’t Fly Away Away, de Morad Mostafa (Tunísia, Qatar, Egito);
  • A Pale View of Hills, de Kei Ishikawa (Japão);
  • Eleanor the Great, de Scarlett Johansson (Estados Unidos);
  • Heads or Tails? Testa o croce?, de Matteo Zoppis e Alessio Rigo de Righi (Itália, Estados Unidos);
  • Homebound, de Neeraj Ghaywan (Índia);
  • L’inconnu de la Grande Arche, de Stéphane Demoustier (França);
  • Karavan, de Zuzana Kirchnerova (República Tcheca);
  • The Last One for the Road Le città di pianura, de Francesco Sossai (Itália);
  • Meteors Météors, de Hubert Charuel (França);
  • My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr (Reino Unido, Irlanda, Nigéria);
  • Once Upon a Time in Gaza, de Tarzan Nasser e Arab Nasser (Palestina, França);
  • The Mysterious Gaze of the Flamingo, de Diego Céspedes (Chile);
  • Pillion, de Harry Lighton (Reino Unido);
  • The Plague, de Charlie Polinger (Estados Unidos);
  • Promised Sky, de Erige Sehiri (Tunísia);
  • Urchin, de Harris Dickinson (Reino Unido).

Fora de competição

  • Mission: Impossible – The Final Reckoning, de Christopher McQuarrie;
  • Vie privée, de Rebecca Zlotowski;
  • The Richest Woman in the World, de Thierry Klifa;
  • The Coming of the Future, de Cédric Klapisch.

Cannes Premiere

  • Amrum, de Fatih Akin;
  • Splitsville, de Mike Corvino;
  • The Disappearance of Josef Mengele, de Kirill Serebrennikov;
  • Orwell, de Raoul Peck;
  • The Wave, de Sebastián Lelio;
  • Connemara, de Alex Lutz.

Sessões Especiais

  • The Magnificent Life of Marcel Pagnol, de Sylvain Chomet (França);
  • Bono: Stories of Surrender, de Andrew Dominik (Austrália, Estados Unidos);
  • Tell Her That I Love Her, de Romane Bohringer (França).

Sessões da Meia-Noite

  • The Exit 8, de Genki Kawamura (Japão);
  • Dalloway, de Yann Gozlan (França, Bélgica);
  • Sons of the Neon Night, de Juno Mak (Hong Kong, China).
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