O cinema nacional ganha seu primeiro filme inteiramente dedicado ao universo da dança. Um Lobo Entre os Cisnes, dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, estreia nesta quinta-feira, 24, trazendo a trajetória transformadora do bailarino Thiago Soares. Esse mergulho na trajetória do carioca vai desde os bailes de hip-hop do Viaduto de Madureira até os principais palcos internacionais de balé.
Com Matheus Abreu (Pureza) no papel principal e participação do ator argentino Darío Grandinetti (Fale com Ela, Relatos Selvagens), o filme foi rodado no Rio de Janeiro e Paris, incluindo locações icônicas como a Ópera Garnier e o Theatro Municipal carioca.
Um Lobo Entre os Cisnes, uma história de transformação e olhares
“A força desse filme é a gente contar a história de um menino da Zona Norte, Carioca, que foi olhado”, explica a diretora Helena Varvaki. “E esse fato de que alguém olhou para ele transformou a vida dele. E o Brasil é um celeiro de talentos que só precisam de um olhar”.

A narrativa acompanha o jovem Thiago desde sua paixão pelo hip-hop em Vila Isabel até o encontro transformador com Dino Carrera, bailarino cubano que se torna seu mentor. “É uma grande história de amor, um amor fraternal, um professor, um mentor”, descreve Varvaki.
Para Marcos Schechtman, a singularidade da história está em mostrar como “o personagem une a rebeldia à disciplina”. “A história do Thiago não é a história de um bailarino que é domado pelo seu mestre”, afirma. “Pelo contrário, acho que o Dino olha para o Thiago e vê a singularidade que ele teria como bailarino justamente por conta da sua rebeldia”.
Preparação intensa e elenco de bailarinos
Abreu se preparou por anos para o papel. Começou em 2018 com aulas intensivas de balé, técnicas como Gyrotonic e hip-hop. “A minha preparação ininterrupta começou em maio de 2022. Eram praticamente todos os dias de aula de hip-hop, de aula de balé”, conta o ator, que teve o privilégio de ser orientado pelo próprio Thiago Soares.
Os diretores fizeram uma escolha arriscada ao trabalhar com bailarinos profissionais no elenco. “Fora o Matheus, todo mundo ali tinha formação realmente de dança, então isso nos propiciou ter ambientes de muita verdade”, explica Varvaki. “Essa foi uma experiência muito interessante de imersão num ambiente que deu uma verdade absoluta”.
Representatividade e cinema nacional
Para Thiago Soares, ver sua história nas telas representa algo maior que uma biografia pessoal. “A maior sensação de todas é essa ideia de que outros vão ver esse projeto e de alguma forma vai poder despertar neles esse sentimento de que é possível”, afirma o bailarino.
“É muito importante a gente ter mais histórias brasileiras no nosso cinema e histórias que não foram contadas”, completa Soares. “É a história de um menino que ganhou a vida usando malha de balé, um menino de subúrbio, um artista que do asfalto foi parar nos tapetes vermelhos dos palcos do mundo”.
Matheus Abreu reforça a importância da representatividade: “A gente tem um país enorme com uma diversidade cultural muito grande. Então a gente tem tanta potência espalhada no país e às vezes é uma potência que ela nem sabe que ela mesma existe”.
O filme marca também um momento especial para o cinema brasileiro. “Esse momento do cinema brasileiro é maravilhoso e o meu desejo é que ele perdure”, declara Schechtman. “A arte, a dança, o cinema são fundamentais para que possamos pensar o nosso tempo para além das necessidades de sobrevivência.