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‘Nunca tive uma preparação tão intensa para um papel’, revela Rose Byrne sobre ‘Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria’

O que você verá aqui:

Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria é daqueles filmes que incomodam de propósito. Dirigido por Mary Bronstein, o longa acompanha Linda, uma psicóloga e mãe praticamente solo de uma menina doente, cuja vida desmorona, literal e metaforicamente, quando o teto de seu apartamento cede devido a um vazamento de água. Obrigada a viver num motel com a filha, Linda busca ajuda de todos os lados, mas ninguém — nem mesmo o marido ausente, nem o terapeuta hostil — parece capaz ou disposto a apoiá-la.

‘If I Had Legs I’d Kick You’
Rose Byrne em cena de Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria (Crédito: Synapse Distribution / A24)

Da experiência pessoal à ficção visceral em Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria

O que torna este filme especialmente poderoso é sua origem profundamente pessoal. “A semente da ideia começou de uma experiência real que tive com minha filha há cerca de oito anos, quando ela tinha sete anos”, revelou Mary durante coletiva virtual para votantes do Globo de Ouro. “Tivemos que ir de Nova York para San Diego para um tratamento específico. Quando perguntei ao médico quanto tempo isso levaria, ela disse: ‘geralmente seis semanas, oito no pior caso’. Ficamos lá oito meses”.

Vivendo num quarto minúsculo com duas camas de solteiro, Mary começou a sentir-se desaparecer na tarefa de cuidar. “Eu não fiz as coisas que Linda faz no filme”, ela riu. “Mas eu precisava de uma válvula de escape. Quando as luzes se apagavam e minha filha dormia, eu ia para o banheirinho do motel, sentava no chão, bebia vinho barato, comia porcarias. Sentia esse terror existencial e pensei: já vi algo no cinema que expresse o que estou passando? Não consegui pensar em nada. Então pensei: vou fazer isso”.

Mary começou a escrever literalmente daquele lugar físico e emocional. “Não é um filme autobiográfico, exceto por essa pequena semente de onde começou. Mas gosto de dizer que tudo nele é emocionalmente verdadeiro”, explicou. “É sobre pegar aquele sentimento que eu estava tendo, colocar no papel e depois na tela”.

O mergulho de Rose Byrne e um elenco improvável

Para Rose Byrne, que entrega uma performance visceral e corajosa como Linda, o roteiro chegou por meio de sua agente, que raramente faz recomendações enfáticas. “Ela é uma mulher muito criteriosa e disse: ‘Acho que você deveria dar uma olhada neste’. Ela nunca diz isso”, contou Rose. “Devorei o roteiro, e ele era muito parecido com o filme que você vê. Era visualmente impactante e havia muito humor”.

O processo de preparação foi intenso e incomum. “Mary e eu sentamos juntas por cinco, seis semanas na mesa da cozinha dela e revisamos cada página do roteiro, cada linha de diálogo”, descreveu Rose. “Descascamos a cebola lentamente, e foi um presente. Foi como se preparar para uma peça de teatro. Você nunca tem isso. É um luxo”.

Como mãe de dois filhos, Rose conectou-se profundamente com o material. “Mary captura a natureza implacável da parentalidade. Obviamente, esta situação é de altíssimo risco, e a maioria dos pais não passará pelo que Linda está passando, mas Mary tem uma forma de destilar essa natureza implacável e como ela força um pai a ver suas limitações”, refletiu.

As escolhas de elenco revelam a audácia de Bronstein. Conan O’Brien, em seu primeiro papel dramático, interpreta o terapeuta de Linda. “Ele nunca tinha feito nada dramático antes”, admitiu Mary, que conseguiu o contato por meio do ator Adam Sandler. “Ele leu, respondeu, e tivemos uma reunião em que passou o tempo todo tentando me convencer a não escalá-lo. E no fim disse: ‘estou apavorado com isso, e é por isso que vou dizer sim’”.

Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria: a origem do título

O título intrigante tem sua própria história. “Quando eu tinha 18 anos, essa frase veio até mim completamente formada”, contou Mary. “Eu não sabia para que a usaria, mas sabia que era algo especial. Anotei e nunca esqueci. Quando comecei a escrever este filme, lembrei dessa frase e disse: ‘Ah, então é isso. Esse é o título deste filme’”.

A expressão brinca com um ditado americano: “you don’t have a leg to stand on”, que significa não ter base para o que se diz. “Estou brincando com essa frase e dizendo: bem, ela não tem pernas para se apoiar. Mas se tivesse, ela tem uma raiva dentro dela. Ela provavelmente as usaria para violência”, explicou Mary, rindo.

Visualmente, o filme é uma conquista notável. Mary e o diretor de fotografia Christopher Messina rejeitaram o CGI em favor de efeitos práticos. “Queria fazer algo que parecesse que você podia tocar. Físico. Visceral”, disse. “Tem uma parte do filme em que subimos para o buraco. O que isso literalmente é: peguei um tubo de papelão, fiz uma paisagem dentro dele com argila e tinta, e torci enquanto Chris filmava com uma câmera sonda no sentido contrário. Custou cinco dólares”.

Rose filmou tudo em apenas 27 dias, com orçamento modesto. “É um filme ambicioso. Há muito pouco CGI, então tudo é prático — o teto caindo, o hamster, as ondas, o buraco. Todos esses grandes set pieces foram feitos na unha”, contou.

Um teste de empatia e um grito social

“Penso no filme como um teste de empatia de muitas formas”, disse Mary. “Todo mundo tem um elástico dentro de si. Isso é empatia. Algumas pessoas conseguem esticar muito longe. Outras estouram rápido. Como cineasta, confio na minha audiência. Algumas pessoas vão empatizar profundamente com Linda o tempo todo; outras, o elástico vai até um certo ponto”.

Um detalhe tocante: Rose usa as tatuagens de Mary no filme. “Eu sabia que queria que a personagem tivesse tatuagens para comunicar que esta mulher existiu antes — ela tinha uma vida antes de ser mãe”, contou Mary. “Foi Rose quem disse: ‘E se eu tivesse suas tatuagens?’ E pensei: que ideia fabulosa. Porque, de muitas formas, Linda não sou eu. Mas ela está em mim, e eu estou nela. Ao ter minhas tatuagens, foi uma forma de preencher essa lacuna.”

‘If I Had Legs I’d Kick You’
(Crédito: Synapse Distribution / A24)

Classificações

O filme recusa classificações fáceis. “Em Nova York, foi visto como comédia sofisticada. Já em Toronto, como terror interativo. Por fim, em Berlim, como drama cerebral”, observou Rose. “Ele fala com diferentes lados do seu prisma.”

Mais do que uma história sobre maternidade, Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria questiona estruturas sociais. “Na cultura americana, há uma contradição onde mães são colocadas como o mais alto ideal feminino”, disse Mary. “Mas uma vez que você tem o bebê, você está sozinha. Não há licença maternidade remunerada universal ou creche subsidiada. Também não há suporte psicológico acessível. Queria colocar na tela uma mulher que não sabe o que está fazendo e está pedindo ajuda — e ninguém ajuda”, continuou Mary. “O que é uma boa mãe e o que é uma má mãe? Ela é ruim porque está em crise e em queda livre? E o que é uma boa mãe? Essa é a pergunta que o filme faz”.

Rose conclui, assim, o pensamento da diretora. “Mary está dizendo que você pode se sentir assim e ainda amar seu filho”, diz. “Pode estar em crise e ainda ser boa mãe. É difícil, desafiador, radical — e necessário”.

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