Em 2014, Christopher Nolan, já celebrado por Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e A Origem (2010), lançou Interestelar. A promessa era equilibrar espetáculo visual e ciência. Passada uma década, a obra ainda provoca debates e desperta fascínio.
Agora, Interestelar está nos cinemas a partir de 28/08, em cópias remasterizadas. Para veteranos, é reencontro. Para novos espectadores, a primeira chance de ver o título na tela grande, com som pensado para sala escura.
Por que Interestelar, de Christopher Nolan, alterou o jeito de filmar ficção científica?
A premissa, à primeira vista, pode parecer comum: Terra em crise, missão espacial para salvar a humanidade. Mas Nolan coloca outro eixo no centro. Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas, 2013) interpreta Cooper, piloto transformado em agricultor que volta a voar.
O vínculo com Murph, sua filha, sustenta a narrativa. Mackenzie Foy (Invocação do Mal, 2013) e Jessica Chastain (A Hora Mais Escura, 2012) interpretam a personagem em fases distintas.
Não é só exploração espacial. É também a história de um laço corroído pela distância e pelo tempo.
Como Matthew McConaughey e Jessica Chastain garantiram emoção em um filme sobre o cosmos?
O elenco evita que a narrativa soe fria. McConaughey atua com contenção. Sua cena diante de mensagens acumuladas é devastadora.
Jessica Chastain transmite rancor e afeto em medidas equilibradas. Anne Hathaway (Os Miseráveis, 2012) compõe Amelia Brand com pragmatismo e fragilidade. Michael Caine (O Grande Truque, 2006) aparece como mentor de intenções ambíguas.
O trabalho do elenco âncora a dimensão cósmica em sentimentos reconhecíveis.
O que Kip Thorne trouxe para tornar Interestelar respeitado entre cientistas?
Nolan sabia que precisava de rigor. Chamou Kip Thorne, Nobel de 2017, para validar conceitos. Relatividade, buracos negros, dilatação temporal.
A simulação de Gargântua originou artigos acadêmicos. O planeta das ondas mostrou para milhões a passagem desigual do tempo. Uma hora ali, sete anos na Terra.
Esse compromisso tornou a ficção plausível e diferenciou o filme de aventuras espaciais convencionais.
Hans Zimmer em Interestelar: por que a música virou parte essencial da narrativa?
Hans Zimmer, compositor de Gladiador (2000) e A Origem (2010), criou uma partitura inesperada. Usou órgão de igreja, gravado na catedral de Londres.
A música atua como elemento central da narrativa, controlando o ritmo e amplificando cada sequência visual.
Silêncios espaciais ganham intensidade quando o órgão entra, criando contraste poderoso entre imagem e som.
Essa escolha fez a trilha conquistar reconhecimento, hoje lembrada entre os trabalhos mais marcantes de sua carreira.
Como Nolan combinou efeitos práticos e digitais em Interestelar?

Nolan sempre prioritizou o tangível. Construiu a fazenda de Cooper, plantou milho real, filmou em cenários naturais como a Islândia.
O digital entrou apenas onde era necessário. Gargântua exigiu milhares de horas de processamento. A sequência do planeta das ondas virou referência de tensão cinematográfica. O Oscar de efeitos visuais premiou a integração de técnica e narrativa.
Por que Interestelar dividiu críticos em 2014 e ganhou outra leitura dez anos depois?
A recepção inicial foi polarizada. Alguns críticos enxergaram sentimentalismo. Outros destacaram a coragem de unir física complexa e melodrama.
O público reagiu de forma clara. Foram mais de 680 milhões de dólares em bilheteria. O Oscar premiou efeitos visuais e indicou o longa em outras quatro categorias.
Com o tempo, a avaliação mudou. Hoje, o título aparece em listas de maiores filmes do século XXI.
O que Interestelar deixou como herança cultural para cinema e ciência?

O filme aproximou espectadores de conceitos antes restritos a especialistas. Buracos negros e dilatação temporal tornaram-se imagens conhecidas. Professores usaram trechos em aula.
Livros de física ganharam novas edições impulsionadas pelo sucesso. Universidades relataram mais interesse em cursos ligados à astronomia.
No cinema, abriu caminho para obras que buscaram unir ciência e emoção. Poucas conseguiram resultado semelhante.
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Por que assistir ao relançamento de Interestelar em 2025 é diferente de ver em casa?
Em televisores, a experiência se dilui. Nolan filmou para sala escura, som estrondoso e projeção imensa.
O relançamento traz cópias remasterizadas. Para veteranos, é reencontro. Para novos, estreia tardia. A fotografia de Hoyte van Hoytema (Dunkirk, 2017) pede tela ampla. A trilha de Zimmer precisa ecoar em caixas de cinema.
Assistir em streaming não entrega o que Nolan projetou.
Quais curiosidades de bastidores ainda cercam Interestelar?

O roteiro nasceu em projeto associado a Steven Spielberg. Mais tarde, Christopher Nolan assumiu a direção e reescreveu com o irmão Jonathan. Para cenas agrícolas, a equipe plantou hectares de milho, destruídos depois em filmagem, mas a colheita restante foi vendida. O planeta gelado foi rodado na Islândia, cenário também usado em Batman Begins (2005).
Durante a leitura inicial, Matthew McConaughey se emocionou a ponto de chorar. O físico Kip Thorne inseriu cláusula contratual garantindo respeito às leis da física, impondo limites criativos à produção. A simulação visual de Gargantua, desenvolvida a partir de cálculos científicos, resultou em artigo acadêmico publicado. Esses detalhes evidenciam o nível de cuidado que norteou cada decisão do processo criativo.
Como Interestelar se conecta a A Origem e Tenet na obra de Christopher Nolan?
No filme, A Origem explorava camadas de sonhos. Tenet investigou temporalidades invertidas. Interestelar se concentrou na relatividade e nas dimensões adicionais. Juntos, os três filmes constroem mosaico sobre tempo, percepção e limites do entendimento humano. Nolan se consolidou como diretor que alia espetáculo e reflexão intelectual sem abandonar público amplo.
Onde assistir hoje?
O relançamento de 2025 ocorre em redes de cinema no Brasil e no exterior. Fora das salas, a versão do filme como foi lançado em 20214, para quem ainda não assistiu, está disponivel na HBO Max, Prime Vídeo e Apple TV+.
Versões em Blu-ray e 4K incluem extras sobre bastidores e ciência. Mas nada substitui a projeção no espaço para o qual foi criado.
E você pode aproveitar a Semana do Cinema 2025 para assistir Interstellar por R$10.
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