Por que filmes de tubarão são tão fascinantes? Da onde vem esse tema, que se tornou um gênero no cinema? Seja para alertar sobre os perigos do desconhecido ou alimentar um fascínio, esses predadores ocupam um lugar especial no cinema. Há 50 anos, Steven Spielberg revolucionou o gênero do terror e suspense com o clássico Tubarão. Vamos mergulhar na trajetória dos filmes de tubarão. Desde os clássicos que deram início a esse subgênero até as produções recentes. A nossa atração por essas criaturas tão enigmáticas foram crescendo — literalmente — até se tornarem tão grandes quanto esses seres gigantescos.
Os primórdios do terror: tubarões no cinema clássico

Tudo começou de forma indelével em 1975, com Tubarão, dirigido pelo mestre Steven Spielberg. Esta obra-prima que redefiniu o suspense e também criou um modelo para filmes de terror e aventuras aquáticas. Tubarão foi um dos BlockBusters originais (a origem do termo data de quando fazíamos filas ao redor do quarteirão do cinema) e criou uma experiência que colocou o tubarão no imaginário coletivo.
O elenco contava com Roy Scheider, Richard Dreyfuss e Robert Shaw — nomes que se tornaram sinônimos do suspense nos anos 70. Com uma trilha sonora igualmente icônica de John Williams, com seus acordes tensos, ainda hoje provoca arrepios.
Além do impacto narrativo, revolucionou o cinema com o uso de efeitos práticos utilizando animatrônicos para criar o tubarão ameaçador. Essa façanha, para a época, deram realismo às cenas e impulsionaram a indústria cinematográfica abrindo caminho para novos efeitos especiais. Foram criados três estruturas mecânicas, duas metades e uma estrutura inteira do animal para as filmagens. A engenhosidade e os desafios enfrentados durante a produção dos animatrônicos mudaram os padrões de criatividade e técnica no cinema.
Tubarão não foi só visual. O filme ganhou o Oscar de Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora Original.
A importância desse filme transcende seu enredo, sendo um marco na evolução da indústria e como o suspense é construído na tela.
Crescimento e Mutação: tubarões maiores e mais inteligentes

A presença real daquele tubarão mecânico na tela trouxe uma sensação inédita de tangibilidade ao gênero. Com o passar das décadas, os tubarões da indústria cresceram em tamanho, complexidade e número — assim como a tecnologia.
O avanço dos efeitos especiais acompanhou essa escalada. Animatrônicos ganharam movimentos mais sofisticados, texturas que simulam a pele real, e integração impecável com atores e cenários.
Depois, a era digital trouxe o CGI, permitindo criar criaturas maiores, mais rápidas e mais detalhadas.
Assim, nos anos 80 e 90 trouxeram uma série de produções que exploraram o filão dos tubarões gigantes de CGI. Filmes como Do Fundo do Mar (1999) marcaram essa fase, apresentando tubarões geneticamente modificados, com inteligência acima da média e comportamento quase humano.
Dirigido por Renny Harlin, conhecido por Os Estranhos: Capítulo 1, Do Fundo do Mar se destacou também pelo elenco. Com atores como Samuel L. Jackson, Thomas Jane e LL Cool J, o filme mistura ação, terror e uma pitada de humor sarcástico, conquistando uma legião de fãs e se tornando um clássico cult.
A presença de tubarões cada vez maiores e mais ameaçadores nesses filmes não é casual. Psicologicamente, eles representam o medo do desconhecido, do imprevisível, do abismo. Eles são o “outro” na natureza, a força que desafia o domínio humano e que, por isso, assusta.
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Megalodons e o apogeu do tamanho: O gigante do cinema moderno

Na última década, o tubarão se transformou em algo mítico, com filmes dedicados a criaturas pré-históricas como o megalodon. Megatubarão (2018), dirigido por Jon Turteltaub — também conhecido por A Lenda do Tesouro Perdido — trouxe Jason Statham para enfrentar essa fera.
Megatubarão explora o tamanho descomunal do predador, e a batalha entre a ciência, a aventura e o perigo iminente. A atuação de Jason Statham equilibra ação e carisma, consolidando-o como um dos maiores nomes dos filmes de ação.
Curiosamente, o apelo desses filmes com tubarões gigantes vem da combinação de uma ameaça real com um desejo profundo por emoções intensas. O megalodon é o maior tubarão que já existiu — e sua presença na tela é um convite para mergulharmos em nossos medos mais primitivos.
Sharknado: a tempestade de tubarões que virou cult do cinema B

A saga Sharknado revolucionou o cinema B com sua proposta absurda. Seu maior destaque foi pelo elenco e pelas participações especiais que deram ainda mais sabor à loucura dos filmes. Ian Ziering, conhecido por Barrados no Baile, é o protagonista que enfrenta essa tempestade com um herói canastrão. Ao seu lado, Tara Reid, veterana de comédias como American Pie, traz um toque de familiaridade e humor.
Além dos protagonistas fixos, os filmes contam com uma série de participações especiais curiosas e divertidas. Nomes como Judd Hirsch (Taxi), Mark McGrath (vocalista da banda Sugar Ray), Fabio Lanzoni (modelo ícone dos anos 90), e até o Lance Bass (do grupo pop N’SYNC) aparecem em cenas que são saídas de um sonho delirante, aumentando o charme camp da franquia.
O diretor Anthony C. Ferrante, abraça o tom autoirônico e exagerado, transformando o que poderia ser um desastre em diversão. A escolha por efeitos visuais propositalmente defeituosos criam cenas icônicas e homenageia o público que gosta de cinema B.
Assim, Sharknado se tornou uma série de filmes e um evento cultural, reunindo fãs que celebram a cada novo filme.
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Outros tubarões do cinema B: monstros, risadas e muita água agitada

Os mares dos tubarões no cinema B é um imersão divertida em histórias malucas, criaturas grotescas e muito suspense barato. Filmes como Mega Shark vs. Giant Octopus (2009) e Férias Sangrentas de Verão (2015) brincam com a ideia de monstros gigantescos emergindo das profundezas para causar caos. Dirigidos por cineastas que entendem que o principal desses filmes é o exagero, essas produções oferecem uma diversão descompromissada, para quem gosta de assistir tubarões em proporções absurdas. São títulos que, apesar da crítica, permanecem cultuados pelo público que celebra o lado mais divertido e bizarro do gênero.
Shark Week: O evento que une entretenimento, ciência e culto aos filmes de tubarão
O fenômemo se espalhou e o Discovery criou a Shark Week em julho 2015, já que o dia 14 do mês, é reconhecido como dia do tubarão. Desde então, uma semana de julho é reservada de domingo à domingo para o tema na grade de canais, onde público encontra muitos documentários científicos e especiais relevantes sobre tubarões. Canais como Animal Planet, Nat Geo Wild e SyFy ampliam a programação com produções que exploram diferentes vertentes do universo dos tubarões.
Essa diversidade na Shark Week é fundamental para manter o evento relevante e atraente para públicos de diferentes perfis. Enquanto os documentários trazem conhecimento e respeito pela natureza, as produções mais descontraídas permitem que o espectador relaxe, se divirta. Essa combinação garante informação e diversão, mostrando o quanto o universo dos tubarões é multifacetado e capaz de surpreender.
Além disso, essa variedade de conteúdo fortalece a cultura do evento, promovendo debates, e compartilhamentos nas redes sociais. Tal comportamento mantém o interesse ativo e cria uma comunidade global que acompanha e celebra a Shark Week.
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Por que amamos (e tememos) os tubarões?
O fascínio pelo tubarão não é apenas pelo seu tamanho ou ferocidade, mas por um misto de fatores psicológicos e culturais. Ele simboliza o desconhecido — a vastidão do oceano, os perigos que espreitam abaixo da superfície.
Esse medo ancestral está entrelaçado com a admiração por um animal perfeitamente adaptado à sobrevivência, que desafia o homem em seu próprio habitat. Além disso, o tubarão ocupa um papel ambíguo: é vilão e protagonista, monstro e símbolo de força.
Filmes de tubarão exploram essa dualidade, oferecendo ao público uma catarse — enfrentar o medo de frente, do conforto seguro da sala de cinema.
Hoje, a inteligência artificial (IA) potencializa essa evolução, abrindo possibilidades infinitas para o cinema. É um ciclo em que a tecnologia amplia a capacidade de contar histórias, fazendo o impossível parecer palpável.
Esse crescimento tecnológico redefine a forma como o espectador vive o medo e o fascínio dos tubarões na tela, de forma segura, aproximando a fantasia da realidade. A jornada que começou com o tubarão mecânico em técnica revolucionária, segue em constante transformação, mostrando que o cinema é uma arte viva, disposta a se reinventar.
O cinema e a psicologia navegam juntas nas águas infestadas de tubarões, construindo narrativas que nos prende, desafiam e nos divertem.
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