News Filmelier

O novo canal  Filmelier+ já está disponível para assinatura no Prime Video. Conheça nosso catálogo!

  • Home
  • Entrevistas
  • Em ‘A Melhor Mãe do Mundo’, Anna Muylaert mergulha no drama social

Em ‘A Melhor Mãe do Mundo’, Anna Muylaert mergulha no drama social

O que você verá aqui:

A Melhor Mãe do Mundo, novo filme da cineasta Anna Muylaert que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 7, traz não apenas uma história sobre violência doméstica, mas também provocando reflexões sobre os rumos do cinema brasileiro contemporâneo.

Com Shirley Cruz e Seu Jorge, o drama acompanha Gal, uma catadora que foge com os filhos pelas ruas de São Paulo, numa narrativa que dialoga tanto com questões sociais urgentes quanto com os desafios da produção audiovisual nacional.

Inspirado em vivências pessoais da diretora, o filme surgiu a partir da percepção tardia de que ela própria havia passado por um relacionamento abusivo. O desejo de levar essa história às telas ganhou força quando uma amiga compartilhou relatos sobre mulheres carroceiras que circulavam com filhos pequenos pela região central de São Paulo. A identificação foi imediata: uma mãe escapando da violência doméstica e encontrando na carroça um instrumento de subsistência e deslocamento.

Cena do filme 'A Melhor Mãe do Mundo', protagonizado por Shirley Cruz (Crédito: Galeria/Distribuição)
Cena do filme ‘A Melhor Mãe do Mundo’, protagonizado por Shirley Cruz (Crédito: Galeria/Distribuição)

A Melhor Mãe do Mundo: uma história que precisava ser contada

“Esse filme é a materialização de tudo o que eu quero, profissional e pessoalmente”, declara Shirley Cruz, ao Filmelier. Ela considera ter chegado a hora de protagonizar uma obra de Anna Muylaert. “É uma honra, mas acho que eu estava merecendo fazer um filme desse. Eu fiquei completamente apaixonada por essa história, que é genuinamente brasileira, mas curiosamente de comoção mundial. Não à toa, tem passado por festivais no mundo inteiro”.

Para Shirley, que construiu sua carreira gradualmente, o filme representa um momento de reconhecimento. “Se eu olhar de perto pra minha carreira, acho ela linda, bonita mesmo, como uma obra de arte”, reflete. “Mas quando me afasto e vejo o todo, percebo que essa obra é feita em mosaico — construída cena por cena, pedacinho por pedacinho”.

Os desafios da produção

O processo de filmagem foi intenso para todos os envolvidos. Shirley Cruz se mudou para São Paulo e mergulhou de corpo e alma no projeto. “Olha, no geral, foi uma mistura de grande alegria com muita dor, trabalho duro e desafios, né? Mas a Ana é a capitã dessa jornada, o que deixou tudo mais seguro”, relembra.

A preparação com as crianças exigiu ainda mais cuidado e atenção. “O primeiro preparo não foi técnico, foi pessoal. A gente saía junto para o museu, para a lanchonete, até para tomar banho de piscina na casa da Ana. Foi assim que construímos uma amizade verdadeira com eles, que são incríveis, fenômenos”.

Seu Jorge e o peso do personagem

Para Seu Jorge, interpretar o agressor Leandro foi um dos maiores desafios da sua carreira no cinema. “Foi muito difícil, sabe? Porque você nunca sabe a medida certa. Tem que coreografar tudo para não passar do ponto”, confessa.

O trabalho na construção do personagem foi meticuloso. Seu Jorge conta que fizeram muitos ensaios, muito trabalho de leitura de roteiro antes e durante as filmagens. “Sempre depurando, ajustando. Não é só a fala, mas o gesto, o silêncio, tudo precisa estar no lugar”, diz.

Shirley Cruz reconhece a generosidade de Seu Jorge em aceitar esse papel complexo. “O Jorge não tem nada a ver com o Leandro”, afirma, celebrando também o trabalho do colega. “Ele emprestou seu corpo e sua imagem, que são muito positivas e prósperas, para dar vida a esse personagem tão difícil.”

Cinema brasileiro: entre conquistas e ameaças

É difícil assistir a A Melhor Mãe do Mundo e não ter vontade de celebrar o bom momento do cinema nacional — em 2025, com a vitória no Oscar, as estreias de filmes como Oeste Outra Vez e um trabalho tão autoral como o de Anna.

Os realizadores refletem sobre o momento atual do audiovisual nacional com uma visão multifacetada. Muylaert aponta para duas realidades distintas. “De um lado, os diretores consagrados, trabalhando há décadas, como Walter Salles, que ganhou o Oscar, Kleber Mendonça com a premiação em Cannes, Gabriel Mascaro também premiado. E do outro, o que acontece no mercado hoje”, diz ela, citando cineastas brasileiros que não recebem as mesmas oportunidades.

'A Melhor Mãe do Mundo' fala sobre violência doméstica, mas também sobre amor (Crédito: Galeria/Divulgação)
‘A Melhor Mãe do Mundo’ fala sobre violência doméstica, mas também sobre amor (Crédito: Galeria/Divulgação)

A diretora destaca a expansão dos streamings como uma ameaça à autoria no cinema. “A invasão dos streamings está mudando tudo. Eles despersonalizam o trabalho do diretor autor. Nos streamings, você não sabe quem dirigiu a cena, não tem essa valorização. É uma política americana que tem feito muito mal para a cultura mundial”, afirma.

Seu Jorge compara essa situação com o que aconteceu na indústria musical. “A revolução do streaming é urgente porque é muito prejudicial”, explica. “Quando o americano chega, é uma invasão — como foi com os portugueses. Eles dominam os modos de fazer, os resultados, e estão apagando os diretores”.

Ele relembra como a música brasileira passou por isso. “A música viveu algo parecido. Teve uma época em que só tocava o mainstream americano. Eu escutava Charles Aznavour no rádio, Vanelli cantando em italiano, Roberto Gael com sotaque português”, diz.

Apesar dos desafios, Seu Jorge valoriza a potência do cinema brasileiro. “O legal do nosso cinema é que as histórias são fortes, verdadeiras, interessantes. A gente não precisa de explosões para segurar o público. Não tem tiro”, continua. “Os verdadeiros impactos são os personagens. O cinema brasileiro é uma bomba por si só, uma explosão”.

Questões urgentes em tela

Além dos aspectos técnicos e mercadológicos, o filme toca em questões sociais urgentes. “O que mais me interessa é que o audiovisual ajude a parar com essa violência, com essa matança”, declara Shirley Cruz, unindo arte e ativismo.

Ela acredita na obra como um chamado à ação. “Tem muita coisa para fazer, todo mundo pode fazer a sua parte — com a vizinha, com a mãe, com a tia, com a irmã, ouvindo, acolhendo”.

Siga o Filmelier no FacebookXInstagram e TikTok.

Top 5 notícias da semana

  • All Posts
  • Cannes
  • Críticas
  • Destaques
  • Entrevistas
  • Eventos & premiações
  • Filmes
  • Futebol
  • Matérias especiais
  • Mercado de cinema
  • Mercado de streaming
  • Oscar 2025
  • Séries e Novelas
  • Tutoriais
  • Uncategorized @br

Top 5 notícias da semana

  • All Posts
  • Cannes
  • Críticas
  • Destaques
  • Entrevistas
  • Eventos & premiações
  • Filmes
  • Futebol
  • Matérias especiais
  • Mercado de cinema
  • Mercado de streaming
  • Oscar 2025
  • Séries e Novelas
  • Tutoriais
  • Uncategorized @br

Notícias Relacionadas