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Crítica de ‘Tron: Ares’: fabriquem mais criatividade

O que você verá aqui:

Em um momento de Tron: Ares (Estados Unidos, 2025), há uma referência ao romance Frankenstein ou O Moderno Prometeu (Inglaterra, 1818) de Mary Shelley. Dura apenas um piscar de olhos, mas é pertinente dados os rumos para os quais pretende ir o roteiro de Jesse Wigutow com suas temáticas sobre Inteligência Artificial (IA), seus potenciais impactos na sociedade contemporânea e seu uso como arma.

 

O que, na verdade, não é dizer muito. Esta terceira entrega da saga de ficção científica de cult é uma digna herdeira da original Tron: Uma Odisseia Eletrônica (EUA, 1982) e Tron: O Legado (EUA, 2010) no sentido de que oferece mais doce visual do que substância ou profundidade em relação a premissas que poderiam render muito mais.

Do que se trata?

Tron: Ares é uma sequência independente, mas situada no mesmo mundo das anteriores. A companhia Dillinger Systems, encabeçada por Julian Dillinger (Evan Peters), criou um programa de segurança equipado com uma Inteligência Artificial avançada conhecido como Ares (Jared Leto). Não apenas isso, a companhia é capaz de manifestar no mundo real todas as suas criações do mundo digital, conhecido como a Rede. Assim, ao criar fisicamente Ares, nasce a promessa do “soldado perfeito”: formidável em combate, completamente dispensável e perpetuamente produzível.

No entanto, uma falha no código faz com que as criações digitais tenham um tempo de vida muito limitado na realidade. A solução é um “Santo Graal” conhecido como “código de permanência”. Quando este é descoberto pela CEO da empresa rival ENCOM, Eve Kim (Greta Lee), desencadeia-se uma guerra corporativa com implicações muito reais além da Rede.

Crítica: ‘Tron: Ares’ é um grande videoclipe do Nine Inch Nails, e pouco mais
Jared Leto é Ares, um programa com IA capaz de se manifestar no mundo real (Crédito: Disney)

Tron: Ares é um grande videoclipe do Nine Inch Nails, mas pouco mais

Se formos sinceros, a saga Tron sempre foi mais lembrada pelo que oferece no apartado sensorial. A original é mais lembrada por suas (inegáveis) inovações em efeitos visuais gerados por computador para sua época; a sequência teve um destino similar, com uma ajuda do Daft Punk no apartado musical.

Suas tramas, sobre avanços tecnológicos com certos toques messiânicos e de intriga corporativa, são percebidas mais como um pretexto para o doce visual do que como uma oportunidade de refletir sobre as implicações sociais, existenciais, morais, éticas e em tantos outros âmbitos de seus planteamentos tecnológicos.

Nesse sentido, Tron: Ares chega a ser redundante, pois a noção de uma IA tão avançada que possa emular ou exceder a capacidade de pensamento humano é algo que foi introduzido desde o filme original. A tese desta terceira parte trata das implicações de dar um corpo físico a este monstro de Frankenstein digital, e dos techbros que brincam de ser Deus com uma tecnologia não apenas capaz de absorver todo o conhecimento humano em questão de horas, mas de desenvolver um critério próprio. E não apenas isso, mas também realizar o sonho máximo do neoliberalismo: imprimir trabalhadores perfeitos em massa. Evan Peters interpreta Dillinger com o mesmo carisma de Elon Musk e Sam Altman combinados em um só. É tão agradável quanto soa.

Evan Peters em uma cena de Tron: Ares
Evan Peters, todos os techbros do mundo combinados em um (Crédito: Disney)

E é preciso reconhecer, esta pode ser a menos entediante dos três filmes da saga. A direção de Joachim Rønning (A Jovem e o Mar) oferece sequências de ação engenhosas, trepidantes e visualmente claras (algo pouco comum hoje, mas que deveria ser o mínimo). Mas além do indiscutível espetáculo visual e sonoro, com um fenomenal trilha sonora industrial do Nine Inch Nails, não há muita substância aqui. A dizer a verdade, parece mais uma longa sequência de visuais para um videoclipe da banda de Trent Reznor e Atticus Ross.

Debaixo da camada vistosa de tinta, Tron: Ares não traz à mesa reflexão ou argumento algum sobre a IA e o que significa ser humano quando se pretende apagar a distinção entre a humanidade e a máquina. Isso, exceto por seu binárismo simplório sobre usar a tecnologia para o bem ou para o mal (“talvez sua disfunção seja se tornar benevolente”, comenta alguém casualmente sobre Ares e suas aspirações de viver à la Blade Runner, e a questão não vai além disso).

Sente-se como uma oportunidade perdida para despertar ideias interessantes, numa era onde o marketing continua empurrando com tudo a noção de que os Grandes Modelos de Linguagem (LLM, na sigla em inglês) são IAs pensantes. Pena que o roteiro do filme parece escrito por um—e que Leto interpreta o protagonista com a mesma insipidez—.

Greta Lee em uma cena de Tron: Ares
Greta Lee faz o que pode contra um roteiro empenhado em carecer de emoção (Crédito: Disney)

Dramaticamente, Tron: Ares também está tão inerte quanto um poema do ChatGPT. Há alguns momentos de humanidade, quase todos proporcionados por Greta Lee nadando contra a corrente em um roteiro que pretende desenvolver seus personagens com blocos toscos de diálogo expositivo. O resto—o pouco que há—, acontece fortuitamente fora de quadro. Quando o filme pretende nos fazer sentir borboletas no estômago por Lee e Leto, não parece merecido.

Em resumo, o terceiro filme de Tron parece limitado ao mesmo destino de suas predecessoras: um deleite visual e auditivo, tão diluído em substância que quase parece apologético das aspirações tecnocráticas que nos governam. Para isso, melhor um vídeo de duas horas do Nine Inch Nails.

Tron: Ares já está nos cinemas brasileiros.

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