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Crítica de ‘Mortos Entre Vivos’ (‘Handling the Undead’): o zumbi como exploração do luto

O que você verá aqui:

Desde sua concepção moderna com A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead, Estados Unidos, 1968), o cinema de zumbis tem sido terreno fértil para uma ampla variedade de alegorias, muitas delas orientadas para o social, como críticas ao consumismo e à desigualdade econômica. É por isso que Mortos Entre Vivos (Handling the Undead, Noruega, 2024) é um espécime sumamente incomum dentro deste subgênero do terror.

Tanto é assim que inclusive cabe questionar se conta como cinema de terror. Sim, conta, embora a diretora e co-roteirista Thea Hvistendahl esteja mais interessada no drama interior dos personagens. É um filme sobre um tipo distinto de Apocalipse zumbi: não aquele que traz o típico colapso catastrófico da civilização, mas o colapso das vidas que seguem quando seus afetos já as abandonaram.

Do que se trata?

Em Oslo, Anna (Renate Reinsve, de A Pior Pessoa do Mundo) é uma jovem mãe solteira que não consegue se recuperar da recente morte de seu filho, e seu pai (Bjørn Sundquist) não sabe como ajudá-la. David (Anders Danielsen Lie), um aspirante a comediante, ama profundamente sua esposa, Eva (Bahar Pars), que morre repentinamente em um acidente de trânsito. Tora (Bente Børsum) é a última a ir embora do funeral de sua amada parceira, Elisabet (Olga Damani), e volta a viver sozinha em uma casa com suas lembranças.

Depois de um misterioso apagão, esses mortos retornam à vida. Com a cidade cercada pelo mistério dessas ressurreições, as famílias devem lidar com o repentino retorno de seus entes queridos—e com a possibilidade de que estes, e eles mesmos, não sejam as mesmas pessoas que eram antes—.

Mortos Entre Vivos (Handling the Undead) não é o típico filme de zumbis

Se não intuía já neste ponto, Mortos Entre Vivos está longe do terror abjeto e escandaloso que costumamos esperar do cinema de zumbis: se este fosse um espectro, o filme de Hvistendahl estaria no extremo oposto de algo como Guerra Mundial Z (World War Z, EUA, 2013).

Mortos Entre Vivos (Handling the Undead)
A quietude do entorno e do luto são as constantes em Mortos Entre Vivos (Créditos: Synapse Distribution)

O filme, cujo roteiro adaptado por John Ajvide Lindqvist a partir de seu próprio romance homônimo (como já fez com as similares Border e com Deixa Ela Entrar, este último de vampiros), omite completamente as imagens chocantes de violência e as perseguições esperadas do subgênero. As emoções, portanto, são muito contidas, mais escuras de um modo discreto.

É um filme de zumbis que dificilmente qualificaria como tal se não fosse pela presença dos mortos-vivos. O sangue e o canibalismo se mantêm a um mínimo. A luta pela sobrevivência nem sequer é, de fato, a questão principal aqui. Ou pelo menos não o tipo de sobrevivência esperada desta classe de filmes, onde os protagonistas devem carregar armas, buscar provisões, se esconder para não serem devorados.

Isto porque o interesse de Hvistendahl e da história de Lindqvist está em outra coisa: em como estes personagens sobrevivem depois da tragédia. Junto com o ritmo pausado da montagem, a fotografia de Pål Ulvik Rokseth (22 de Julho), de tons azuis apagados que evocam a tristeza de um frio norte escandinavo, observa a quietude, os espaços vazios e nos situa no espaço mental da tragédia, do luto e da melancolia de seus três protagonistas. Estes experimentaram grandes perdas—alguns mais recentemente que outros—, navegam em diferentes etapas entre o choque, a negação e a depressão.

Crítica de 'Mortos Entre Vivos' ('Handling the Undead'): o zumbi como exploração do luto
Os zumbis funcionam como alegoria sobre um passado que se nega a morrer (Créditos: Synapse Distribution)

Cabe dizer que, se algo recupera Mortos Entre Vivos da tradição zumbi, é sua pouca preocupação em explicar as causas da ressurreição dos mortos ou delinear detalhados antecedentes para seus personagens. Jamais conhecemos como é que morreu o filho de Anna, ou se Tora e Elisabet estavam juntas há muito tempo (embora se intuía que estiveram por toda uma vida). Tampouco se complexificam dentro deste cenário nem há uma reflexão densa sobre o que significaria para os mortos voltar do outro lado, se seriam ou não as mesmas pessoas de antes.

O anterior pode se sentir dramaticamente escasso, embora sim que o filme tem algo a dizer. A narrativa se orienta mais a brindar uma alegoria de como seguir adiante quando o passado se resiste a morrer. Estes zumbis não brindam o espetáculo da violência canibal, mas sim são mais como fantasmas ou lembranças às quais nos aferramos.

Mas o que revive na memória é o mesmo que foi em vida? E mais importante ainda: qual tragédia inevitável implica não deixar ir?

Mortos Entre Vivos (Handling the Undead) chega ao canal Filmelier+ do Prime Video em 30 de outubro.

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