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Charlie Chaplin: ‘Em Busca do Ouro’ ganha relançamento restaurado no centenário, e o vigor do clássico na era IA

O que você verá aqui:

Poucos filmes atravessam 100 anos com o mesmo poder de encantamento quanto as obras de Charlie Chaplin. Em Busca do Ouro (The Gold Rush, título original), dirigido e estrelado por Chaplin, retorna aos cinemas do mundo inteiro em 2025 com cópia restaurada em 4K. O relançamento global celebra o marco do centenário da obra-prima e conta com exibições especiais no Brasil, incluindo o Rio de Janeiro e outras capitais.

Em Busca do Ouro, filme de Charles Chaplin, é relançado em 4k nos cinemas

O Filmelier foi convidado pelo Festival do Rio para assistir à cópia restaurada de Em Busca do Ouro em uma sessão simultânea no dia 26 de junho de 2025, que aconteceu em diversas cidades ao redor do mundo. Acompanhamos de perto o relançamento no Brasil e entrevistamos a diretora técnica Elena Tammaccaro, o representante dos direitos das obras de Charlie Chaplin, Arnold Lozano, e Adriana Rattes do Filmes do Estação, distribuidora do filme no Brasil — peças centrais de todo o processo.

Assistimos ao filme na tela grande em evento mundial

Nossa repórter, Vitória Pratini, assistiu pela primeira vez a Em Busca do Ouro neste dia 26.

“As obras de Charlie Chaplin sempre me encantaram, mas eu nunca tinha visto a Gold Rush nem em casa nem nos cinemas. Foi uma experiência incrível e imersiva ver o filme pela primeira na tela grande, com som e imagem em altíssima qualidades, neste marco dos 100 anos da obra”, relata. “A sessão, que aconteceu no Rio de Janeiro, estava repleta de jornalistas e público cinéfilo. Foi muito bom ver crianças presentes, também assistindo ao filme pela primeira vez e gargalhando com o humor do icônico Chaplin”.

Filme já havia sido restaurado duas vezes anteriormente

Charlie Chaplin chegou a dizer que queria ser lembrado por The Gold Rush (Em Busca do Ouro), lançado originalmente em 1925 e restaurado por ele a primeira vez em 1942, em uma versão falada. Em 1993, os historiadores e cineastas britânicos Kevin Brownlow e David Gill restauraram a versão muda de Em Busca do Ouro.

Um século depois, o desejo do cineasta ressurge com força simbólica: o filme voltou aos cinemas do mundo inteiro em uma versão restaurada em 4K, com exibições sincronizadas em mais de 250 salas e mais de 70 países — incluindo o Brasil.

Mais do que uma celebração histórica, o relançamento é fruto de um trabalho técnico minucioso, ético e internacional – e revela como a tecnologia, quando aliada à curadoria, pode ser uma ponte entre o passado e o presente do cinema.

Chaplin para o presente: por que restaurar Em Busca do Ouro hoje?

O relançamento global, liderado pela Roy Export (empresa que administra o legado do artista), foi possível graças a um esforço técnico e curatorial que durou anos. O trabalho foi conduzido pela Cineteca di Bologna, no laboratório L’Immagine Ritrovata, e reuniu instituições como MoMA, George Eastman Museum, Filmoteca da Catalunha, Lobster Films, BFI, entre outras.

“Esse relançamento não coloca as versões de 1925 e 1942 em disputa – elas coexistem como reflexos de seus tempos”.

Adriana Rattes, do Filme da Estação, responsável por distribuir a restauração, comenta:

“Chaplin tem essa qualidade: as crianças parecem que já nascem sabendo que houve Chaplin ou que Chaplin existe. Outro dia, dois dias atrás, a gente recebeu um grupo de crianças de cinco anos aqui no cinema para assistirem Tarsilinho. E a gente tinha combinado com a escola de que, além de assistir o filme, a gente ia conversar com as crianças sobre cinema. Quando desci para falar com elas, uma delas disse assim, ‘eu conheço esse cara, esse não é o Carlitos?’ Porque eu vi o cartaz, Em Busca do Ouro, sabe? Falou assim, ‘eu conheço, eu já vi’. Falei pois é, um filme mudo, em preto e branco. — ‘Eu sei!’ — Ela de cinco anos e já tinha visto alguma coisa do Chaplin. Eu acho que é isso, o Chaplin está no imaginário até de quem nunca o viu.”

Uma restauração ética: recuperar, não inventar

Ao contrário do que se pode imaginar, o uso de inteligência artificial foi descartado para a reconstrução de imagens faltantes. “Testamos, mas os resultados não foram satisfatórios — e, acima de tudo, não éticos”, explica Elena Tammaccaro, diretora da equipe de restauração. “Preferimos preservar defeitos originais do que criar imagens artificiais que nunca existiram.”

O foco da nova versão foi respeitar a estrutura da reconstrução de 1993 feita por Kevin Brownlow e David Gill, mas com qualidade técnica muito superior. Mais de 11 elementos distintos de película foram escaneados e comparados quadro a quadro. O resultado é uma versão com 90 % de material original no formato full frame (1.33), o mais próximo possível do que foi visto há 100 anos.

Tecnologia como ferramenta, não protagonista

A IA, no entanto, teve seu papel. Ferramentas de limpeza digital, como Deamont e Phoenix, usaram recursos de inteligência artificial para remover imperfeições, sujeira e instabilidades, mas sempre com supervisão humana. O projeto também envolveu trabalho meticuloso de correção de densidade e escala de cinza, respeitando o tom fotográfico original da obra.
“Tecnologia sozinha não basta”, afirma Elena. “É o conhecimento humano, o olhar de quem entende o filme, que define as decisões de restauração.”

A vitrine digital para um clássico quase analógico

Ferramentas como 4K e HDR não servem apenas para limpar a película: elas devolvem Chaplin ao radar de quem cresceu em telas de bolso. Ver o eterno personagem Vagabundo em alta definição deixa claro o salto — tanto estético quanto industrial — entre filmar em 1925, com câmeras mecânicas e luz natural, e criar hoje, num set dominado por sensores digitais, pós‑produção em nuvem e inteligência artificial. A distância acentua o encanto.

Charlie Chaplin é Carlito em Em Busca do Ouro (1925), restaurado em 4k no ano de seu centenário em 2025, reexibido no Festival do Rio e em 70 países. (Créditos: IMDB)
Charlie Chaplin é Carlito em Em Busca do Ouro (1925), restaurado em 4k no ano de seu centenário em 2025, reexibido no Festival do Rio e em 70 países. (Créditos: IMDB)

O impacto coletivo: emoção em praça pública

No dia exato do centenário (26 de junho de 2025), a cidade de Bolonha sediou uma das exibições mais marcantes do relançamento. O filme foi projetado ao ar livre, na Piazza Maggiore, para mais de 5 000 pessoas. A trilha sonora, composta por Chaplin em 1942, foi adaptada pelo maestro Timothy Brock para a versão de 1925 e executada ao vivo por uma orquestra sinfônica.
O resultado foi comovente. “Uma menina de três anos começou a rir logo no início. A gargalhada dela contagiou a praça inteira”, relembra Arnold Lozano, representante da Roy Export. “Chaplin ainda funciona — ainda encanta.”

A força do gesto humano em tempos digitais

Lozano acredita que parte da força de Em Busca do Ouro está em sua fisicalidade. “Chaplin criava com o corpo. Seus filmes são sobre o que o corpo pode fazer. Em tempos de efeitos digitais e IA, talvez a gente esteja precisando disso de novo: da beleza simples de ver alguém genuinamente talentoso em cena.”
>Esse contraste entre o analógico e o digital, entre o imperfeito e o eterno, parece ser justamente o que torna essa restauração tão urgente em 2025. Ao invés de apagar as marcas do tempo, a tecnologia serviu para revelá‑las — com nitidez, respeito e emoção.

Por que restaurar clássicos? Para lembrar de quem somos

Para Tammaccaro, a resposta é direta: “Restaurar filmes como Em Busca do Ouro é preservar nossa memória. É cultura, é identidade, é futuro.” A nova versão do filme será acompanhada também por uma edição restaurada da versão sonora de 1942 — ambas disponíveis em 4K e HDR, com cuidado especial para que as novas tecnologias não distorçam a estética da obra original.

Se Chaplin dizia que “trabalhar é viver” e que amava viver, o trabalho feito em torno de Em Busca do Ouro é também uma forma de manter essa vida pulsando nas telas. Um lembrete de que, mesmo 100 anos depois, há algo profundamente humano que só o cinema clássico ainda sabe tocar.

Em Busca do Ouro foi restaurado com ajuda da tecnologia, mas a ética foi primordial. O uso de inteligência artificial ajudou a limpar as imagens e retirar imperfeições (Créditos: IMDB)
Em Busca do Ouro foi restaurado com ajuda da tecnologia, mas a ética foi primordial. O uso de inteligência artificial ajudou a limpar as imagens e retirar imperfeições (Créditos: IMDB)

Onde assistir a Em Busca do Ouro no Brasil?

Além das sessões especiais em cinema pelo país, o clássico  de Charlie Chaplin, Em Busca do Ouro, também está disponível em diversas plataformas de streaming no Brasil — algumas gratuitas, outras por assinatura. É a chance perfeita de (re)descobrir uma das maiores obras de Charlie Chaplin, no conforto da sua casa. Confira onde assistir:

Gratuito:

  • NetMovies – Catálogo de clássicos com acesso livre.

  • Pluto TV – Assista gratuitamente sob demanda ou em canais ao vivo.

Com assinatura:

  • Globoplay – Disponível para assinantes da plataforma.

  • Belas Artes à La Carte – Plataforma com curadoria de cinema clássico e cult.

  • Looke – Streaming brasileiro com catálogo variado.

  • Telecine – Disponível para assinantes do app ou via:

Dica: Algumas dessas plataformas oferecem períodos de teste gratuitos ou promoções para novos usuários.

Conheça o Momento Chaplin no Filmelier TV

Quer assistir a curtas de Chaplin gratuitamente? O Filmelier TV promove o “Momento Chaplin”, um programa dentro da programação linear do canal na Pluto TV e Samsung TV Plus. É possível assistir a dezenas de curtas de Chaplin todos os dias gratuitamente na sua TV, desde sucessos como O Vagabundo e O Imigrante, até raridades como filmes dirigidos por Mabel Normand.

Entrevista, cobertura e revisão realizada por Vitória Pratini, reportagem e redação por Rafaela Alexandra.

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