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Análise de Cannes 2025: Júri acertou mais do que errou

O que você verá aqui:

No geral, os prêmios concedidos pelo júri presidido por Juliette Binoche no Festival de Cannes 2025 foram para os filmes certos, aqueles que geraram mais reações positivas. Era necessário mais um prêmio para os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, pelo mediano The Young Mother’s Home (Jeunes Mères, França e Bélgica, 2025)? Definitivamente não. Resurrection (China, 2025), do diretor chinês Bi Gan, merecia mais do que o prêmio criado especialmente pelo júri, um simples diplominha como aquele recebido por Mohammad Rasoulof no ano passado? Com certeza.

Mas, tirando isso e a ausência de Two Prosecutors (Ucrânia, França, Alemanha, 2025), de Sergei Loznitsa, e Romería (Espanha, Alemanha, 2025), de Carla Simón, da lista de premiados, a maior parte dos destaques da competição foi contemplada. Não houve lambanças tão claras como a do ano passado, quando o júri presidido por Greta Gerwig decidiu que um dos favoritos claros à Palma de Ouro, A Semente do Fruto Sagrado (Irã, França e Alemanha, 2024), não precisava mais do que um diploma pelos esforços de Rasoulof, que fugiu a pé do Irã com o filme, sabendo que seria mais uma vez condenado à prisão.

Mesmo sem a Palma para Brasil, o Festival de Cannes 2025 trouxe um balanço positivo

Queríamos a Palma de Ouro para O Agente Secreto (Brasil, França, Alemanha, 2025)? Sim, e não só os brasileiros. Muitos críticos latino-americanos e estrangeiros torciam para uma vitória do filme de Kleber Mendonça Filho. Os prêmios foram comemorados na sala de imprensa. Sua premiação dupla – direção, que em Cannes corresponde ao terceiro lugar, e ator – aponta para uma divisão no júri. O cineasta sul-coreano Hong Sang-soo foi explícito na coletiva de imprensa ao dizer que vários membros do júri queriam dar o prêmio máximo ao brasileiro e que por isso acabaram concedendo dois troféus, o que não é permitido pelas regras. Certamente, o júri precisou de uma autorização especial da direção.

Dessa forma, o júri reconheceu o talento de Wagner Moura, que infunde seu Marcelo de melancolia, luta e ternura, e a capacidade de Kleber Mendonça Filho de dar coesão e coração a elementos múltiplos e a um elenco de mais de 50 personagens, injetando cada quadro com um caldo de brasilidade caótico e febril.

Teria sido doloroso perder a Palma de Ouro para Sentimental Value (Noruega, Alemanha, França, 2025) por exemplo. O queridinho do festival, dirigido por Joachim Trier, é um bom drama familiar com toques de comédia, que fala do cinema como agente reparador e é bem escrito, dirigido, atuado. Mas que não propõe nada de muito novo, não tem camadas a serem descobertas. É um filme fácil de gostar – e que ótimo, vai fazer muito sucesso nos cinemas do mundo e na temporada de premiações. Não precisava, porém, ter sido considerado para a Palma de Ouro nem ter ficado com o segundo lugar, o Grande Prêmio do Júri.

Palma de Ouro para It Was Just An Accident, de Jafar Panahi, lembra sobre o verdadeiro poder do cinema

Mas não dá nem para ficar triste em perder para Jafar Panahi. O cineasta iraniano tem uma carreira brilhante, tanto em seus primeiros filmes sobre os desafios da sociedade iraniana, como O Balão Branco e O Círculo, como aqueles que fez durante o período em que foi proibido de filmar. Com a Palma de Ouro, o diretor iraniano completou a tríplice coroa do cinema mundial, tendo ganhado o Leão de Ouro do Festival de Veneza com O Círculo (Irã, Itália, Suíça, 2000) e o Urso de Ouro de Berlim com Táxi Teerã (Irã, 2015).

Ele é a prova viva da função do personagem de Stellan Skarsgaard no filme de Trier: mostrar o poder reparador e agregador do cinema. Mas também de algo que Trier nem sonha em dizer, nem no seu filme nem por meio do seu filme: o poder provocador do cinema. Para Panahi, que ficou 20 anos proibido de filmar, o simples ato de fazer um filme é desafiador.

It Was Just an Accident (Irã, França e Luxemburgo, 2025) é, além de tudo isso, um filme que confronta os personagens e o espectador com a realidade moralmente ambígua de um tema explorado continuamente pelo cinema: o desejo de vingança. Ele é local, porque trata do que iranianos têm sofrido ao longo das últimas décadas, mas também universal.

Por tudo isso, esta é uma Palma de Ouro das mais merecidas dos últimos anos. Jafar Panahi emocionou Cannes com sua presença, depois de mais de uma década de ausência dos festivais, devido à sua prisão, proibição de filmar e impedimento de deixar o país. Ele e seus atores emocionaram Cannes durante a coletiva de imprensa. “Não estou fazendo nada mais heroico do que todos os iranianos fazem”, disse ele. O ator Majid Panahi afirmou: “Nossa presença neste projeto nos expõe a muito menos perigo do que as mulheres iranianas sofrem cotidianamente. Claro que tivemos alguns problemas, mas não foram tão sérios”. A atriz Mariam Afshari completou: “Não importa o que aconteça conosco, o que é realmente importante é o destino do país”. Coisa de arrepiar.

Jafar Panahi emocionou Cannes com seu filme e, finalmente, com seu prêmio. Ele foi aplaudido em pé no Grand Théâtre Lumière e ovacionado na sala de coletiva. Merecidamente.

Quanto à segunda Palma de Ouro para o Brasil, tomara que o cinema nacional tenha muitas outras oportunidades de consegui-la nos próximos anos. Por enquanto, nosso segundo prêmio de direção em Cannes e o inédito prêmio de melhor ator dão seguimento a uma nova onda empolgante.

Confira nossa cobertura completa do Filmelier em Cannes 2025:

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