Resumo rápido: No episódio 2 da segunda temporada de The Last of Us, Joel cai em uma emboscada liderada por Abby. A série da HBO adapta com fidelidade o momento mais controverso do jogo. Veja a crítica completa do Filmelier com detalhes sobre a cena, Ellie, Abby e o que esperar a seguir.
Atenção: o texto a seguir contém spoilers do episódio 2 da 2ª temporada de The Last of Us. Gentileza gera gentileza. Vingança gera vingança. Essa poderia ser a frase-tema da 2ª temporada de The Last of Us, que teve seu segundo episódio exibido na HBO e na Max (antiga HBO Max) no último domingo, 20 de abril. Intitulado Through the Valley, o capítulo entrega o que muitos fãs do jogo já esperavam — mas isso não diminui seu impacto. Pelo contrário: o episódio é ousado, devastador e absolutamente coerente com o tom da série até aqui. Sem dúvidas, um dos melhores capítulos de toda a produção.
Uma virada que muda tudo
Joel (Pedro Pascal), pilar emocional e moral da primeira temporada, encontra seu fim de forma brutal nas mãos de Abby (Kaitlyn Dever), que busca vingança pela morte de seu pai — o médico dos Vagalumes assassinado por Joel no final da temporada anterior. A cena é seca, dolorosa e filmada com uma frieza calculada. Não há trilha épica, nem heroísmo: só o silêncio de um desfecho inevitável.
Bella Ramsey e Kaitlyn Dever ganham mais espaço entre elenco de The Last of Us
Esse é um episódio de transição narrativa. Com a queda de Joel, a série entrega o protagonismo a Ellie (Bella Ramsey), agora tomada pela dor e pela raiva. A jovem atriz brilha: sua performance, contida e crua, transmite o peso da perda com verdade e potência. Bella Ramsey mais uma vez mostra por que foi a escolha acertada para o papel, e promete carregar a temporada com a mesma força dramática que emocionou os fãs no primeiro ano. Kaitlyn Dever, por sua vez, constrói uma Abby multifacetada, que começa como antagonista, mas ganha camadas rapidamente. Sua expressão, sua hesitação, a maneira como encara Joel antes do golpe final — tudo contribui para uma personagem que desafia o espectador a enxergar além da vingança.

Enquanto isso, é interessante ver a troca bem-humorada entre Ellie e Jesse (Young Mazino), ex-namorado de Dina (Isabela Merced). A presença do rapaz e de Dina no capítulo, assim como a menção novamente a Eugene, preparam o terreno para os arcos que a temporada ainda deve explorar.
O ataque a Jackson: tensão à la Game of Thrones — mas com alguns tropeços visuais
O episódio 2 entrega uma sequência de ação grandiosa com o ataque à comunidade de Jackson. A cena traz uma tensão crescente, muito bem coreografada, e lembra os grandes momentos de batalha em Game of Thrones, especialmente os confrontos com os White Walkers — aquele tipo de caos controlado que mistura horror, desespero e beleza visual. O uso de efeitos práticos, figurino e maquiagem de infectados está entre os melhores já vistos na série até agora, com uma movimentação realista que amplifica o sentimento de perigo constante. Há uma sensação de vulnerabilidade que contrasta com a suposta segurança do lugar onde Joel e Ellie vivem atualmente. Ainda assim, alguns efeitos visuais digitais destoam do realismo construído até ali. Transições de ambiente, profundidade e textura em determinadas explosões ou movimentações de infectados tiram um pouco da imersão. São momentos breves, mas perceptíveis para quem acompanha de perto a qualidade técnica da série. Apesar disso, o ataque funciona como um ponto de virada visual no episódio, criando tensão paralela ao drama da emboscada de Abby. É uma escolha acertada da direção em alternar espetáculo e intimismo, preparando o espectador para o impacto narrativo que viria logo depois.
O protagonista inesperado: Gabriel Luna é herói por um dia
Durante o ataque à Jackson, Gabriel Luna entrega uma das atuações mais sólidas do episódio como Tommy, irmão de Joel. Conhecido por papéis em O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio e True Detective, Luna brilha especialmente nas cenas de ação e tensão — equilibrando o instinto de sobrevivência com a preocupação pelo irmão e pela comunidade. Mesmo em meio ao caos, seu olhar transmite desespero e responsabilidade. É uma performance contida, mas profundamente humana, que reforça o quanto Tommy é mais do que um coadjuvante: aos poucos, ele se torna um elo emocional essencial no universo da série.

Direção firme, clima tenso e fidelidade ao game
Além das cenas de ação, o episódio tem ritmo preciso, cortes econômicos e uma ambientação tensa, sustentada por luzes frias e composições claustrofóbicas. Tudo parte da assinatura do diretor Mark Mylod — cineasta britânico responsável por comandar 16 episódios de Succession, 6 capítulos de Game of Thrones, e que agora se prepara para trabalhar na série de Harry Potter. A cena da emboscada de Abby é um dos pontos altos da temporada até agora: silenciosa, intensa, cruel — exatamente como foi no controle dos jogadores que viveram esse momento em The Last of Us Part II. Outro destaque é a música Through the Valley, originalmente interpretada por Ashley Johnson no game, pontua o tom emocional com força simbólica — e funciona como homenagem à jornada de Ellie. Confira a versão da canção no jogo:
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Nos bastidores: neve real, frio extremo e cenas na raça
As cenas do episódio — tanto o ataque a Jackson quanto as patrulhas de Abby, de Joel e Dina, e Ellie e Jesse — foram filmadas durante uma verdadeira nevasca, em condições climáticas extremas no Canadá. A neve vista em tela é real, o que torna o resultado ainda mais imersivo e visceral. O elenco e a equipe enfrentaram temperaturas negativas e ventos intensos, o que adiciona uma camada extra de autenticidade às atuações. Especialmente para aqueles que interpretavam os infectados. Os figurinos congelavam, a respiração se tornava visível, e os passos na neve não precisavam ser simulados. O esforço de produção se reflete em tela — o frio é quase um personagem próprio do episódio.
Uma história sem vilões nem heróis
A morte de Joel Miller traz à tona a mesma pergunta que já marcava o jogo: quem está certo quando todos já perderam tudo? Nesse mundo pós-apocalíptico, não há certo ou errado absolutos. Cada personagem age por amor, por medo, por perda — e carrega consigo as consequências disso. O roteiro acerta ao evitar transformar Abby em vilã, mas também não a inocenta. Tudo ali é ambíguo, humano e desconfortável — e é nesse desconforto que The Last of Us se torna ainda mais poderoso. Até mesmo Joel, ao perceber com quem estava lidando, reconhece que errou ao matar um médico desarmado — o pai de Abby — para salvar Ellie.

Uma série sobre consequências
Mesmo sendo apenas o episódio 2 de The Last of Us temporada 2, a série mostra que está disposta a assumir riscos narrativos e emocionar sem concessões. A fidelidade ao jogo é mantida, mas com espaço para atuações poderosas, novas nuances e personagens complexos. Como no jogo, a série não oferece respostas fáceis. Joel matou para proteger. Abby mata para vingar. E Ellie, agora, tem uma decisão a tomar. The Last of Us continua sendo sobre sobrevivência — mas, principalmente, sobre as consequências de sobreviver.
Onde assistir a The Last of Us 2ª temporada?
A série está disponível exclusivamente na HBO e no streaming Max. Para quem se pergunta onde assistir a The Last of Us 2ª temporada online, a plataforma Max é o canal oficial no Brasil. Os episódios são lançados todo domingo, às 22h (horário de Brasília). A 2ª temporada adapta o game The Last of Us Part II e contará com 7 episódios no total.
Confira as críticas de The Last of Us:
Veja aqui como assistir à série online e com opções gratuitas. Aproveite também para ler as nossas críticas semanais, por episódio:
- The Last of Us tem tudo para ser a nova série evento da HBO
- episódio 2 da série tem cenas de terror e reviravolta “soco no estômago”
- episódio 3 tem cenas inéditas, tom romântico e dramático
- episódio 4 é menos impactante, mas aprofunda a narrativa
- episódio 5 prova que a série não está para brincadeira
- episódio 6 tem encontro aguardado e “momento família”
- episódio 7 revela como Ellie foi mordida
- episódio 8 é o mais intenso e perturbador da temporada
- episódio 9 tem desfecho polêmico e chocante
- Série retorna mais sombrio e introspectivo na estreia da 2ª temporada na HBO