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‘The White Lotus’: 3ª temporada da série perde a fé na narrativa (Crítica)

O que você verá aqui:

A terceira temporada de The White Lotus chegou ao fim no último domingo, 6 de abril. A série criada por Mike White e exibida pela Max (HBO) amplia o universo da série com um novo grupo de hóspedes, ambientação exuberante na Tailândia e temas que equilibram espiritualidade, crítica social e dilemas existenciais.

Mesmo sem repetir o impacto direto da primeira temporada ou o tom tragicômico da segunda, The White Lotus 3 constrói um retrato inquieto da elite contemporânea em crise — ao mesmo tempo em que deixa pontas soltas e frustra com algumas escolhas narrativas.

Confira, abaixo, a crítica do Filmelier da 3ª temporada.

Atenção: o texto a seguir contém spoilers do episódio final da 3ª temporada de The White Lotus.

Os personagens de The White Lotus e um elenco de destaque

Um dos grandes trunfos de The White Lotus 3 é seu elenco afiado e o mosaico de personagens ricos em camadas.

Família Ratliff (Jason Isaacs, Parker Posey, Patrick Schwarzenegger, Sarah Catherine Hook e Sam Nivola)

A família Ratliff, liderada por Timothy Ratliff (Jason Isaacs), um financista investigado por crimes financeiros, forma um núcleo central na temporada. Sua esposa, Victoria (Parker Posey), tenta manter as aparências enquanto os filhos vivem momentos decisivos.

Saxon (Patrick Schwarzenegger) trabalha com o pai e representa a continuidade de valores tóxicos. Piper (Sarah Catherine Hook) quer provar que não precisa da riqueza e, para isso, explora o budismo e considera entrar para um mosteiro. Enquanto Lochlan (Sam Nivola), mais introspectivo, revela tensões internas de identidade e pertencimento. O arco familiar é um dos mais complexos, explorando fé, falência moral e crises geracionais.

Curiosamente, os dois personagens que menos queriam passar por mudanças são os que veem sua mentalidade mudar: Saxon e Timothy. O primeiro deixa de lado a masculinidade tóxica, passando por uma situação constrangedora e repugnante, para finalmente aceitar cuidar de si (mesmo que seja através de um livro de autoajuda). O segundo, que cogita matar a família a enfrentar a vergonha de seus atos, percebe que o amor supera adversidades — e os filhos não merecem morrer por causa de ganância. Jason Isaacs entrega uma atuação contida, mas que diz muito no silêncio.

Família Ratliff em The White Lotus: Lochlan (Sam Nivola), Piper (Sarah Catherine Hook), Saxon (Patrick Schwarzenegger), Timothy (Jason Isaacs) e Victoria (Parker Posey)
Família Ratliff teve o arco mais desenvolvido da série (Créditos: HBO)

Rick (Walton Goggins) e Chelsea (Aimee Lou Wood)

Um dos personagens mais interessantes é Rick Hatchett (Walton Goggins, em uma atuação poderosa), que viaja com a jovem namorada Chelsea (Aimee Lou Wood, encantadora no papel). Ele busca vingança contra Jim Hollinger (Scott Glenn), proprietário do resort, a quem responsabiliza pela morte de seu pai. O relacionamento com Chelsea passa por momentos de tensão e segredos — até culminar em um desfecho violento e emocionalmente intenso.

Greg (Jon Gries) e Chloe (Charlotte Le Bon)

Greg Hunt (Jon Gries), personagem que retorna das temporadas anteriores, está agora com Chloe (Charlotte Le Bon), uma ex-modelo que tem uma amizade (ainda que superficial) com Chelsea e Saxon. A presença de Greg (agora chamado de Gary) reacende conflitos antigos, inclusive com Belinda (Natasha Rothwell), que o reconhece.

Belinda (Natasha Rothwell), Zion (Nicholas Duvernay) e Pornchai (Dom Hetrakul)

Belinda Lindsey, gerente de spa vista na primeira temporada, retorna em um intercâmbio no resort tailandês. Lá, encontra Pornchai (Dom Hetrakul), especialista em bem-estar, com quem desenvolve um vínculo. Ele propõe que abram um spa juntos — proposta que a faz revisitar traumas e dilemas éticos do passado — como sua própria relação com Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) e a proposta de financiar um spa dela.

O mistério envolvendo a morte dela na segunda temporada volta à tona, com a presença de Greg, ameaçador. Ao lado de seu filho, Zion (Nicholas Duvernay), Belinda tem um arco que aborda reconexão, fé e ressentimentos.

Kate (Leslie Bibb), Laurie (Carrie Coon) e Jaclyn (Michelle Monaghan)

O trio de amigas formado por Kate Bohr (Leslie Bibb), Laurie Duffy (Carrie Coon) e Jaclyn Lemon (Michelle Monaghan) oferece alguns dos momentos mais ácidos da temporada. Em viagem para se reconectar, as três confrontam envelhecimento, inseguranças e espiritualidade. O relacionamento das três é bastante desenvolvido, apesar do arco delas ter deixado algumas pontas soltas — como a relação delas com os russos.

Carrie Coon se destaca com uma performance sarcástica e cheia de camadas — equilibrando humor e amargura com perfeição.

Gaitok (Tayme Thapthimthong) e Mook (Lalisa Manobal)

No staff do resort, Gaitok (Tayme Thapthimthong), segurança da propriedade, vive um arco delicado ao nutrir sentimentos por Mook (Lalisa Manobal), outra funcionária do hotel. Em sua estreia como atriz, Manobal — conhecida mundialmente como integrante da banda Blackpink — entrega uma atuação leve e simpática, com presença de tela carismática, mas subaproveitada. Mook pouco interage com outros núcleos e mal tem tempo de cena. É uma pena que a personagem seja tão apagada: sua função na história parece limitada a despertar um desejo inalcançável — afetivo e profissional — que leva Gaitok ao seu ponto de ruptura. Nem mesmo sua função no resort é totalmente clara. Gaitok, por sua vez, tem um conflito interno em relação a seu trabalho e os valores do budismo — mas nem isso é desenvolvido.

Diferente das temporadas anteriores, em que os personagens locais — no Havaí e na Itália — tinham mais destaque e profundidade, a temporada na Tailândia deixa seus personagens locais à margem, o que enfraquece uma das marcas mais interessantes da série: o contraste entre os hóspedes e quem realmente trabalha naquele paraíso.

Lalisa Manobal como Mook, Tayme Thapthimthong como Gaitok em cena da temporada 3 de The White Lotus
Mook e Gaitok em cena da série (Créditos: HBO)

Temporada 3 mistura ironia social e existencialismo em uma jornada que encanta, provoca e frustra

O equilíbrio entre o cínico e o espiritual do criador Mike White

Desta vez, Mike White mantém seu olhar ácido sobre os ricos e seus vazios existenciais, mas insere uma camada espiritual mais evidente. Reencarnação, culpa, luto e ritual ganham espaço, sem abandonar o humor sombrio e a ironia que tornaram a série um fenômeno cultural.

A temporada é mais contemplativa, com ritmo mais lento e simbologias visuais constantes — especialmente ligadas à água, à religião e ao corpo. É uma obra que exige entrega do público, mas recompensa quem se permite mergulhar nesse fluxo mais introspectivo.

Um mergulho simbólico — às vezes raso demais

A força estética da série permanece intacta. Cada cena parece milimetricamente composta para impactar visual e emocionalmente. A água — presente em quase todos os episódios — simboliza tanto morte quanto purificação. Já os templos, rituais e músicas tradicionais dão um tom de tragédia silenciosa à temporada.

Mas nem tudo funciona. Apesar da riqueza de temas e personagens, The White Lotus 3 sofre com desequilíbrios. Há subtramas que desaparecem sem conclusão, como o caso do furto realizado pelos russos, que perdem força no encerramento.

Muita ambição, nem sempre bem amarrada

No fim, o ritmo lento cobra seu preço. O episódio final, Amor Fati, encerra a temporada com beleza simbólica, mas sem entregar respostas para todas as perguntas — o que pode gerar frustração em parte do público. Embora não forneça todas as respostas, encerra com coerência o tom espiritual da temporada, valorizando o silêncio e o contemplativo sobre o dramático.

Um final que parece contido, mas diz muito

A terceira temporada de The White Lotus não entrega grandes explosões no seu desfecho — e talvez isso seja intencional. A expectativa de que algo extremo aconteceria é quebrada, não por falta de impacto, mas pelo silêncio com que os personagens reagem. Ninguém se choca, ninguém lamenta, ninguém muda. E é justamente aí que mora a crítica: o verdadeiro retrato da elite que Mike White constrói é o da indiferença elegante.

O distanciamento com que os hóspedes lidam com a tragédia ecoa a falta de empatia que atravessa todas as temporadas. Há um momento de sugestão de conexão — amizades, romances, confissões — que parece indicar uma possível mudança. Mas assim que o equilíbrio ameaça se romper, cada um puxa a corda para seu lado. É uma dinâmica cruel, mas coerente com o olhar cínico da série. No fundo, todos querem apenas sair dessas férias com suas vidas intactas — mesmo que outras tenham sido destruídas. Uma estrutura que lembra a relação entre Tanya e Belinda na primeira temporada: afeto até onde não incomoda, até onde não custa. Relação esta que ressoa quando Belinda se despede de Pornchai, provando que o dinheiro corrompe.

Shakespeariano, simbólico e sem redenção

Quem morre na 3ª temporada de The White Lotus?

A morte de Rick e Chelsea é carregada de simbologia. Um termina de um lado, o outro no extremo oposto — uma composição visual que evoca o equilíbrio entre luz e sombra, bem e mal, impulso e contenção. Há algo de yin-yang na cena, que já vinha sendo construída desde o início do episódio, com elementos visuais como as duas gaivotas — uma branca, uma preta — que aparecem em cena juntas. Eles são os personagens mais desenvolvidos da temporada, e é com eles que Mike White escolhe encerrar essa história: um casal fragmentado, refletindo os temas centrais da temporada.

A cobra que morde Chelsea — após Rick soltar cobras no santuário — é o símbolo perfeito: ele solta o perigo e, no fim, ela paga o preço. A série fala de fé, mas também fala de raiva, de impulsos, de destruição silenciosa. E talvez esse seja o verdadeiro eixo temático da temporada: o descontrole disfarçado de equilíbrio. Se a primeira temporada falava de dinheiro, a segunda de desejo, a terceira mergulha no que acontece quando crenças, traumas e ressentimentos são empurrados para debaixo do tapete — até que uma tragédia os force a vir à tona.

Rick (Walton Goggins) carrega Chelsea (Aimee Lou Wood) ferida, no colo, enquanto Gaitok (Tayme Thapthimthong) aponta arma no episódio final de The White Lotus
Final carregado de simbologia: uma tragédia Shakespeariana (Créditos: Fabio Lovino/HBO)

The White Lotus 3: vale a pena assistir?

Sim — se você estiver em busca de uma experiência mais sensorial do que narrativa. A terceira temporada de The White Lotus continua sendo uma das produções mais sofisticadas da TV atual. Mesmo com falhas, segue relevante por sua ousadia, pelas atuações afiadas e pelo olhar cada vez mais espiritualizado sobre os vazios da elite global.

É menos explosiva que a primeira, menos divertida que a segunda, mas talvez a mais arriscada — e isso, por si só, já é admirável.

O que esperar da 4ª temporada de The White Lotus?

Com o final da terceira temporada de The White Lotus, os fãs já estão ansiosos por novidades sobre a próxima fase da série. Embora detalhes específicos ainda sejam escassos, algumas informações foram compartilhadas por Mike White e outros envolvidos na produção.

Mudança de cenário

Mike White, criador da série, indicou o desejo de alterar a ambientação tradicional das temporadas anteriores. Em entrevista, ele mencionou: “Para a quarta temporada, quero sair um pouco da ‘imagem’ das ondas quebrando nas rochas” . Isso sugere que o próximo destino poderá se afastar das localizações litorâneas já exploradas, como Havaí, Sicília e Tailândia.

Possíveis destinos

Embora nenhuma localização tenha sido oficialmente confirmada, especula-se que a Europa seja uma forte candidata. Francesca Orsi, vice-presidente executiva da HBO, comentou: “Estamos indo para algumas pesquisas de locação nas próximas semanas, então saberemos em breve. Não posso dizer onde vamos pousar, mas as chances são de que seja em algum lugar da Europa” . Além disso, locais como Marrocos, Japão e Austrália também foram mencionados como possibilidades.

Elenco e personagens

Tradicionalmente, cada temporada de The White Lotus apresenta um novo elenco, com algumas exceções notáveis. Mike White já sugeriu a possibilidade de uma temporada “All Stars”, reunindo personagens favoritos de temporadas anteriores. No entanto, ainda não há confirmação se isso ocorrerá na quarta temporada ou em futuras edições.

Produção e estreia

A produção da quarta temporada está prevista para começar em 2026, com estreia possivelmente no final do mesmo ano ou início de 2027 . Enquanto isso, os fãs podem revisitar as temporadas anteriores disponíveis na HBO Max e aguardar por mais atualizações oficiais sobre o futuro da série.

Onde assistir a The White Lotus?

Todas as 3 temporadas de The White Lotus estão disponíveis no streaming da Max.

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